A presente dissertação investiga três personagens femininas de Shakespeare, aplicando princípios da abordagem lugar de fala, proposta pela Prof. Dra. Silvia Davini. Essa investigação pretende levantar subsídios para futuras performances que considerem a esfera acústica e simbólica da palavra, como um ponto de partida para a atuação.
As três personagens estão organizadas, considerando o drama do qual fazem parte, num percurso que parte de uma máxima impossibilidade feminina e vai em direção a uma máxima possibilidade feminina. Tal percurso acompanha a cronologia das obras e as personagens são: Lavínia, de Tito Andrônico; Rosalinda, de Como Gostais e Marina, de Péricles, Príncipe de Tiro.
Para essa investigação foram realizadas três frentes de trabalho em simultâneo: o estudo da arquitetura das personagens em relação à obra a qual pertencem; exercícios de fala com trechos dos textos das personagens (CD de áudio em anexo) e uma imersão como espectadora em montagens teatrais na cidade de Buenos Aires. A produção de Peter Hall e Cicely Berry contribuiu especialmente no desenrolar desse trabalho. Por serem diretores e preparadores vocais shakespeareanos, suas experiências trouxeram dados formais do texto que se revelaram úteis à atuação.
A interação das três frentes de trabalho permitiu gerar reflexões sobre a relação entre a forma dos textos das personagens e os respectivos perfis femininos apresentados por elas. Dessa forma, através de princípios do lugar de fala, se levantam pontos de partida para atuação alternativos à freqüente subalternização da palavra dita no meio teatral contemporâneo.